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ASCOM UFPA

Caroço de açaí origina produtos tecnológicos na UFPA

Pesquisadores criam manta acústica, placa móvel e filtro a partir de resíduo do açaí

Para que serve o caroço do açaí? Ao invés de ir par ao lixo, pesquisadores do Laboratório de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA) aproveitam o resíduo para criar novos produtos, incrementando a cadeia do açaí com alta tecnologia. A pesquisadora Carmen Gilda Tavares Dias lidera o grupo que, a partir das áreas de materiais e processos, vibrações e acústica, e térmicas e fluídos, já criou mantas acústicas, filtros e placas de móveis.

“A proposta de criação de compósitos a partir da fibra do açaí nasce da necessidade de ampliar a agroindústria do açaí e reduzir seus resíduos, ao mesmo tempo em que promovemos o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis”, considera a professora.

Os pesquisadores estimam que diariamente a comercialização de mais de 120 mil toneladas de açaí em Belém, gere, ao menos, 300 toneladas de lixo orgânico, isso porque cerca de 73% do fruto não é aproveitado pela indústria alimentícia.

Tecnologia nasceu em sala de aula - Mas esse “caroço”, na verdade, é composto por três partes: fibra, borra e semente. A semente, atualmente é utilizada no Pará na produção de biojóias, mas não há aproveitamento para a borra e a fibra inerentes ao caroço.

No Laboratório de Engenharia Mecânica da UFPA, foram desenvolvidos três equipamentos para se obter as frações do caroço de açaí. O primeiro separa suas três partes, o segundo verifica as propriedades térmicas destes resíduos e o terceiro analisa suas propriedades acústicas.

“Eles foram desenvolvidos com fins didáticos, ou seja, para serem usados no curso de graduação para a formação dos alunos e, no decorrer das experimentações, obtivemos o primeiro produto: a manta acústica”, relembra a professora.

Manta de açaí isola som - A manta térmica e acústica feita a partir de compósitos de fibra de caroço de açaí e sobras de PVC, resíduos de obras de construção civil, pode ser usada para isolamento térmico e acústico de ambientes internos. Ela poderia ser útil, por exemplo, em estúdios de rádio ou gravadoras, evitando que o barulho incomode os vizinhos.

Também utilizando a fibra do caroço do açaí, os pesquisadores obtiveram um material com alta resistência a impactos. O produto tem características semelhantes às de fibras de vidro e poderia ser usado em revestimentos de para-choques de veículos ou em outras peças automotivas.

Outro produto criado a partir da fibra do caroço de açaí são os ecocompósitos semelhantes ao MDF (Medium-Density Fiberboard) voltado à indústria moveleira.

Borra de caroço de açaí limpa rios - Já a borra é utilizada para a criação e filtros. “Ele atua retirando a oleosidade superficial da água. Seria usado em locais que ficam próximos a portos, onde vemos o que parece restos de óleos e combustíveis usados por barcos”.

Dar utilidade a esses resíduos que iam para o lixo ou eram deixados no meio ambiente, sem dúvida foi o propósito inicial do projeto multidisciplinar envolvendo diversas áreas de conhecimento da Engenharia Mecânica. Seu principal objeto é a confecção de compósitos de fibra de açaí proveniente do resíduo da agroindústria do açaí, buscando melhor aproveitar este resíduo para atender necessidades da região no que tange a redução de resíduos sólidos e desenvolvimento de tecnologias sustentável.

“Esse grande volume de resíduo pode ser transformado em diferentes “plásticos” biodegradáveis ou de longa durabilidade. A maior parte dos plásticos em comercialização ainda vem do petróleo, mas é crescente o número de bioplásticos oriundos de vegetais como a cana de açúcar, que gera alimento, combustível e plástico. Em escala de laboratório já obtivemos poliuretanos e epóxidos do açaí”.

Texto: Cléo Viana e Glauce Monteiro – Assessoria de Comunicação da UFPA
Publicado em: 22/09/2015
Unidade: Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica
Status: Professora Carmen Gilda Dias disponível para entrevistas

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