Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página
Banco de Pautas

Natal - Pesquisadores explicam o que é o "Clima Natalino"

Pesquisadores afirmam: clima natalino pode durar o ano todo

Com o reveillon chegando é comum as pessoas refletirem sobre suas atitudes, perdas, ganhos, sofrimentos e alegrias ao longo do ano que termina. Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) explicam que o chamado "clima natalino" se caracteriza por um estado de sensibilização, autoreflexão, anseio de renovação no ano que se inicia. Contagiadas por sentimentos bons, grande parte de população faz suas listas e sai à procura de presentes que agradem o presenteado e transmitam a mensagem de paz e os desejos de felicidade. Mas o que leva as pessoas a agirem dessa forma e porque apenas nessa época do ano?

De acordo com o antropólogo Romero Ximenes, o fim do ano coloca as pessoas num estado entre o consciente e o inconsciente que as leva a fazer balanços e avaliações sobre o ano que passou. “É um momento limite, de travessia, entre o fim e o novo começo, a renovação”, afirma. Ele explica que toda cultura tem datas de celebração e das divindades e estes momentos exigem uma mudança de comportamento que se transforma em relação ao cotidiano. “Comemos alimentos diferentes que são as comidas de época: castanha, panetone, vinho, frutas secas importadas, azeite, bacalhau...”, enumera.

Reafirmação da Humanidade - O professor da UFPA ressalta ainda que o natal é diferente das outras épocas do ano e que essa sensibilização é uma reafirmação da humanidade nas pessoas. "O tempo do natal é outro tempo. Este tempo é diferente do tempo do carnaval, da quadra junina, ou até mesmo do Círio de Nazaré, que é da rua e da expansão; o natal é uma festa doméstica e contida”, comenta.

Mas o espírito natalino ligado à ideia de "generosidade" e "união" não é particular na cultura brasileira. Nos Estados Unidos, por exemplo, dorme-se cedo na véspera do natal e celebra-se no dia 25 com um almoço em família. "No ocidente o natal é momento de dar e receber. São enviados cartões de natal que dizem às outras pessoas: 'te reconheço', 'quero você entre os meus amigos'. 'Prospere!'”.

Generosidade - Para a psicóloga Niamey Granhen, as atitudes generosas não se perpetuam nas outras épocas do ano porque são aspectos mais externos e não internos e não são consistente, pois estão associados à chegada do mês de dezembro e não a uma mudança permanente de comportamento de vida. “As pessoas querem se redimir das faltas cometidas e ter a esperança de um novo recomeço, pois vai 'zerar' um ano para entrar em outro. É o famoso espírito ou clima natalino invadindo o planeta, trazendo esperança de melhoras na vida”, explica.

Segundo Niamey, a troca de presentes e o mito do Papai Noel são metáforas que representam o "clima ou espírito natalino". “É como se nessa época as pessoas quisessem ganhar os presentes de Natal, e precisassem se tornar boas e merecedoras para isso. Então parecem mais tolerantes e alegres e, depois, diante de seus desejos e expectativas não realizados, o cotidiano espanta o clima de paz, a alegria e a bondade para longe”, conclui Niamey.

Ainda segundo Niamey Granhen, é importante destacar, que no momento atual de muita insegurança devido à violência e as condições econômicas, sociais e históricas do país, o clima natalino a partir de uma mudança visual na cidade com luzes e enfeites de um lado pode amenizar a angústia vivida renovando as esperanças e de outro angústia por não poder comprar os presentes desejados.

Apesar do clima natalino ser na maioria das vezes temporário, os pesquisadores asseguram: É possível perpetuar suas características pelo resto do ano. "Independentemente das razões que levam as pessoas a mudarem o comportamento no período do natal, o importante é que elas se sintam felizes e façam felizes aqueles que as cercam, levando exemplos de generosidade e solidariedade àqueles que precisam desse tipo de atitude para ter esperança de uma vida no ano que se inicia", recomendam os especialistas.

Texto: Rafaela Justino – Assessoria de Comunicação da UFPA
Publicado em: 15/12/2012, originalmente no Portal da UFPA
Unidade: Faculdade de Ciências Sociais e Faculdade de Psicologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH)
Status: Pesquisadora Niamey Brandão indisponível para entrevistas, enquanto o antropólogo Romero Ximenes está disponível para entrevistas.

registrado em: ,
Fim do conteúdo da página