Pesquisa da UFPA identifica nutrientes presentes na farinha de mandioca
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Pará (UFPA) identificou e quantificou os principais minerais presentes na composição da farinha, branca e amarela, consumida no estado. As amostras foram coletadas nas cidades de Bragança, Cametá, Colares, São Domingos do Capim e Vigia e revelam os benefícios que o hábito de consumir farinha d’água podem trazer para a nutrição dos paraenses.
É senso comum que a farinha de mandioca se constitui em uma fonte abundante de carboidratos, mais que outros elementos podem ser encontrados na composição final do produto? Em que quantidades eles são encontrados? Além de dirimir estas dúvidas, a pesquisa visa também servir como suporte para outros pesquisadores que atentem para a importância do tema.
O estudo “Determinação de Macros e Micronutrientes em Amostras de Farinha de Mandioca Branca e Amarela” foi desenvolvido pela pesquisadora Bruna Serrão Gomes, sob a coordenação da professora Kelly Dantas, da Faculdade de Química da UFPA. A pesquisa teve a participação da Embrapa Amazônia Oriental e o apoio financeiro da Fapespa e CNPq.
Resistente e saborosa - Cultivada em todas as regiões do Brasil, consumida em grande escala na região amazônica, a Manihot esculenta Crantz é conhecida popularmente como mandioca. A pesquisadora Bruna Serrão Gomes, explica que o vegetal apresenta características que facilitam seu cultivo e consumo. “É um vegetalque apresenta rendimentos elevados, mesmo em solos castigados pela seca ou já esgotados por outras culturas”.
Na pesquisa foi analisada a presença de compostos inorgânicos como Fe, K, Mg, Mn, Na, P e Zn. “Cada um desses elementos contribui de forma importante para o bom funcionamento do organismo do ser humano, porém, devem ser consumidos em quantidades diárias pré-estabelecidas, a fim de que não prejudiquem o organismo”, esclarece Kelly Dantas.
O resultado da pesquisa gera uma espécie de tabela onde a variedade das “farinhas” vendidas e consumidas no estado fica evidente. Na maioria dos casos, há variação no percentual da presença dos elementos químicos. As amostras de ferro (Fe), por exemplo, coletadas no município de Colares apresentaram uma concentração de 2,95 mg/kg, enquanto em São Domingos do Capim a concentração foi de 16,82 mg/kg.
Outras amostras também mostraram disparidades de resultados como cálcio (Ca) que no município de Vigia apresentou 672,49 mg/kg e na amostra de Cametá verificou-se 429,51 mg/kg, e o Potássio (K) que na amostra de Vigia continha 1036,01 mg/kg e na de Bragança foi encontrado 209,66 mg/kg.
Por outro lado, as amostras também revelaram que alguns minerais obtiveram resultados percentuais parecidos como o manganês (Mn) que nas amostras do município de Colares apresentaram 1,25 mg/kg e em Bragança 1,22 mg/kg ou ainda as amostras de cobre (Cu), a qual em Cametá verificou-se 0,33 mg/kg e em São Domingos do Capim, 0,36 mg/kg.
O relatório final do projeto de pesquisa apresentou os números percentuais finais em uma tabela que apresenta todos os municípios que participaram da pesquisa, bem como, os resultados percentuais encontrados nas amostras de cada um dos elementos químicos analisados durante o trabalho de pesquisa. As informações foram encaminhadas para publicação em artigos científicos e serão disponibilizadas em breve.
Produção pode interferir na composição dos alimentos - Segundo Bruna Gomes a diferença entre as amostras pode ter sido provocada por dois fatores. O primeiro leva em consideração a diferença entre os solos em que a mandioca foi colhida. “Por terem sido plantadas em municípios diferentes a composição do solo, uns mais ricos em nutrientes do que outros, pode ter influenciado na presença ou na ausência de elementos na composição química da mandioca e, consequentemente, em seus produtos derivados”.
Outro fator considerado determinante pela pesquisadora é o meio de produção da farinha de mandioca. Apesar de o processo ser relativamente parecido nos municípios analisados, os produtores trabalham com materiais diferentes. Um exemplo descrito é o forno onde a farinha é torrada o qual pode ser fabricado com materiais diferentes como ferro ou cobre, entre outros. “Essa parte do processo pode contaminar a farinha aumentando a quantidade da substancia com a qual o forno foi produzido no produto final”, conta Bruna Gomes.
A química afirma ainda os minerais na quantidade que foram encontrados não fazem mal a saúde desde que a farinha de mandioca seja consumida na quantidade adequada sem excessos. “A melhor forma de utilizar a farinha é como complemento alimentar em conjunto com outros tipos de alimentos que completem a quantidade de nutrientes que o corpo precisa”, orienta.
Texto: Edson Costa – Assessoria de Comunicação da UFPA
Divulgado em: 26/08/2015
Unidade: Programa de Pós-graduação em Química da UFPA
Status: Pesquisadora Kelly Fernandes disponível para entrevistas.
Redes Sociais