Natal - Como escolher o presente ideal para crianças?
Brinquedos devem priorizar a criatividade e a interação social
No fim do ano a busca por itens para presentear os familiares e amigos faz com que as pessoas gastem mais e o comércio funcione em ritmo mais acelerado para dar conta da demanda de consumo da população. À espera do "Papai Noel" as crianças são prioridade nas listas de presentes e elas costumam direcionar o ritmo de consumo da família. Pesquisadoras da área de psicologia e de pedagogia da Universidade Federal do Pará (UFPA) analisam a "busca pelo presente de natal" de meninos e meninas e dão dicas de como escolher o brinquedo sem prejudicar o orçamento familiar e a educação dos pequenos.
Para a psicóloga Niamey Granhen, da Faculdade de Psicologia da UFPA, neste período é comum os pais fazerem a vontade das crianças como uma forma de reparação pela ausência deles no decorrer do ano, pois geralmente estão muito ocupados no trabalho. Segundo Niamey, o presente das crianças deve levar em consideração a idade e ser adequado às necessidades do desenvolvimento infantil. No caso dos brinquedos, devem ser priorizados aqueles que estimulam a criatividade e a interação social.
CONSUMO - Para atrair o olhar das crianças, as cores, sons, personagens famosos e produtos tecnológicos são marcas registradas de brinquedos e produtos infantis expostos nas lojas. Segundo a psicóloga, esse estímulo ao consumismo causa nas crianças a falsa ideia de que ter é mais importante do que ser, por isso elas precisam ter muitos objetos materiais para se sentirem reconhecidas e seguras, tornando-se adultos inseguros e consumistas. “Se os pais se sentirem culpados, devendo algo afetivo ou material para os filhos, ou se querem compensar as suas próprias perdas quando crianças, então fica difícil impor limites entre a realidade e os desejos, entre a necessidade e o capricho tirano infantil,” analisa.
A Doutora em Psicologia da Educação e professora da Faculdade de Educação da UFPA, Ivany Pinto, concorda e afirma que o consumo desenfreado prejudica a aprendizagem de vida da criança e faz com que ela enxergue o mundo de forma irreal. "Vale acrescentar que o presente de natal deve ser entendido como um símbolo de trocas que a família fez durante o ano. Não vale à pena o fato da criança ser presenteada somenteno natal. O importante é que os pais transmitam aos seus filhos mensagens de solidariedade, amizade, carinho e amor que marcam os festejos do natal e os preparativos para a entrada do novo ano", comenta.
Ivany Pinto orienta os pais a impor limites aos filhos desde pequenos e a conversarem sobre o que realmente significa o natal, pois é mais difícil impor esses limites ao longo do crescimento da criança. Também é importante deixar claro a relação entre o presentear e as condições econômicas dos pais, não apenas no natal, mas o ano todo, possibilitando, assim, que a criança entenda o que pode ganhar de presente.
"No mês dezembro estamos expostos ao contexto natalino. Seja em casa, nas ruas, nas vitrines, nas lojas, nas propagandas, nos e-mails, nos sites de relacionamento, no trabalho, enfim, tanto nos espaços reais quanto nos virtuais. São inúmeros os recursos utilizados para seduzir as crianças para o consumo. Geralmente estes apelos se revestem de promessas de felicidade, beleza e poder ao consumir determinados produtos. Mas é importante lembrar que o presente mais adequado é aquele que possa ser acessível ao bolso dos pais, além de expressar muito mais o vínculo afetivo e de diálogo dos pais para com seus filhos. Existem ainda outros aspectos que os pais devem levar em consideração como a idade da criança e a importância daquele presente para ela", diz Ivany Pinto.
Em um ano de crise econômica, inúmeros pais se encontram desempregados, enfrentando dificuldades financeiras. Nesse cenário, segundo Ivany Pinto, é fundamental que os pais conversem com seus filhos sobre a realidade familiar e adotem alternativas mais adequadas à situação. A professora dá algumas sugestões, para o amigo oculto e para a ceia, por exemplo, “confeccionar lembrancinhas como: Sandálias bordadas, canecas pintadas, docinhos em caixas confeccionadas, dentre outras criações muito mais em conta. As famílias podem fazer um Natal coletivo em que cada um dos participantes leva uma comida ou uma bebida” completa Ivany Pinto.
“Enfim, é importante fazer da confraternização do Natal um momento de reflexão sobre os projetos que cada um realizou e o que ainda pretende realizar sem esquecer de reunir com a família e os amigos”, finaliza.
Texto: Thais Siqueira - Assessoria de Comunicação da UFPA
Publicado em: 12 de dezembro de 2012, originalmente no Portal da UFPA
Unidade: Faculdade de Educação e Faculdade de Psicologia
Status: Pesquisadores disponíveis para entrevistas.
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