Você sabia que há cadáveres e até múmia na UFPA?
Convênio com IML ajuda na formação de estudantes em vários cursos de graduação
Uma população de mais de 60 mil pessoas circula diariamente pelos corredores, laboratórios, prédios e salas de aulas da Universidade Federal do Pará (UFPA), mas pouca gente sabe que a instituição abriga cinco cadáveres, uma múmia e vários restos mortais. Estes materiais ficam guardados no Laboratório de anatomia Funcional do Instituto de Ciências Biológicas (ICB).
O espaço, atualmente coordenado pela professora Roseane Borner, é onde os alunos dos cursos de medicina, odontologia, fisioterapia, terapia ocupacional, biomedicina e enfermagem têm a possibilidade de aprender como funciona o corpo humano através de aulas práticas e utilizando técnicas de dissecção.
Quando o cadáver chega à universidade é feito um trabalho técnico. Alguns cadáveres são destinados à reposição de órgãos e peças como sistema respiratório, digestório ou muscular; enquanto outros são destinados para dissecção do cadáver como um todo. “Esses corpos que o laboratório abriga são corpos não reclamados no IML, ou seja, já passaram por todo um tempo legal no instituto e não foram procurados nem por familiares ou conhecidos, sendo considerados assim, indigentes”, explica a coordenadora do espaço.
Os corpos que são utilizados pelos alunos foram doados à UFPA a partir de um Convênio entre o Instituto Médico Legal (IML) e a Universidade. Através desta parceria também foi possível a presença dos alunos, sob supervisão de professores, na sede do IML acompanhando as necropsias e biopsias realizadas no instituto.
Ivo André é um desses alunos. O estudante está no terceiro semestre de medicina e seu primeiro contato com os cadáveres humanos foi em uma dessas visitas monitoradas ao IML. Hoje ele atua como monitor do laboratório e diz que “ao realizar o trabalho é inevitável pensar em que tipo de história de vida teve aquela pessoa e de como agora aquele corpo é importante, pois está colaborando para produção de conhecimento e melhoraria da evolução científica”.
UFPA deve receber mais restos mortais em breve - O laboratório que em 2011 passou por reestruturação física do espaço e atua de forma extremamente funcional. Além dos cinco corpos, espera a chegada da doação de pelo menos mais quatro corpos através do IML até o fim de novembro. Além disso, a UFPA aguarda a doação de um crânio humano e os restos mortais de um homem doados à UFPA por meio da iniciativa dos familiares que estavam interessados em colaborar com a evolução cientifica. O processo esta em andamento na procuradoria da Universidade.
Roseane Borner ainda chama a atenção ao fato de outras regiões do Brasil esse tipo de doação de corpos a órgãos responsáveis pelas pesquisas científicas ser muito comum e afirma que quem desejar ainda em vida doar o corpo, pode manifestar sua intensão e facilitar o processo póstumo: “basta deixar registrado”.
A múmia da UFPA e o Museu de Anatomia - Além dos cinco cadáveres utilizados nas aulas praticas de dissecção existe uma múmia na Universidade. Ela foi produzida com técnicas de dissecação a partir de um cadáver que estava na instituição há cerca de 15 anos.
O cadáver passou pelo processo de embalsamamento com formol diversas vezes, foi dissecado, lixado, envernizado e utilizaram técnicas para manter o tecido muscular e o tecido ósseo. O corpo é conhecido agora como a “Múmia da UFPA” e estará em exposição à visitação de todos, em breve, no Museu de Anatomia, entre diversas outras peças. De acordo com Roseane Borner o Museu deve ser inaugurado ainda em 2016.
Texto: Monica Melo – Assessoria de Comunicação da UFPA
Publicado em: 23/10/2015
Unidade: Laboratório de Neuroanatomia Funcional do Instituto de Ciências Biológicas (ICB)
Status: Pesquisadora Roseane Borner disponível para entrevistas
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