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Documentário mostra experiência bem sucedida em educação no Pará

Casa Familiar Rural de Gurupá, no Marajó, mostra que a escola pode melhorar a vida das pessoas

Uma escola que integra o saber local e a formação da educação básica, ajudando os alunos a obter conhecimentos importantes para sua vida cotidiana. A experiência inspiradora da Casa Familiar Rural de Gurupá, localizada às margens do Rio Uruaí, afluente do Rio Amazonas, no Município de Gurupá, no Pará, foi registrada no documentário “Saberes da Juventude Amazônica”, do cineasta Francisco Weyl e do pesquisador Ronaldo Lima Araújo, da Universidade Federal do Pará (UFPA).

O que esta escola tem de diferente? Os cerca de 200 alunos, além de aprender conteúdos das disciplinas tradicionais como Matemática, Química ou Língua Portuguesa, também recebem formação sobre cidadania, empreendedorismo, direito, meio ambiente e todo saber considerado importante para a vida na comunidade local, os quais são indicados pelos próprios moradores.

O documentário foi desenvolvido a partir do projeto de pesquisa “Práticas Formativas da Juventude Trabalhadora no Ensino Médio Integrado”, do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação – Escola do Trabalho (GEPTE), com financiamento da Capes e da Obeduc. Confira o documentário na íntegra aqui.

Melhorar a vida das pessoas - “Eles [os integrantes da comunidade] dizem que a função da escola não é ensinar. A função da escola é melhorar a vida das pessoas” resume o pesquisador da UFPA. A Casa Familiar Rural de Gurupá está habilitada para o ensino médio e técnico profissional, mas faz bem mais que isso.

A Casa foi fundada em 1998 por iniciativa da comunidade e atende cerca de 200 alunos em regime de alternância.

Além da escolarização básica, os jovens recebem informações que incentivam seu protagonismo diante do futuro e propiciam uma formação ampla que possa facilitar seu acesso ao mundo do trabalho ou guiá-los rumo a auto-sustentabilidade.

Os temas abordados no currículo, por exemplo, são debatidos com a comunidade a fim de identificar as necessidades dos moradores em relação à formação de seus filhos. Se um dos temas escolhidos é a apicultura, durante o dia os estudantes têm contato com as noções práticas da atividade e, durante a noite, frequentam as aulas regulares e recebem informações teóricas.

No documentário lançado, um dos ex-alunos da Casa Rural de Gurupá revela que hoje sobrevive a partir do conhecimento que aprendeu na escola. “Eu agora tenho 30 mil pés de abacaxi. Minha vida mudou. Aprendi a plantar abacaxi na escola e aprendi a trabalhar com cooperativa na escola”, afirma.

Experiência inspiradora - Segundo Ronaldo Araujo, diversos outros aspectos da vida em comunidade são aplicados à formação. “Então eles articulam a formação escolar com a formação política, espiritual, social, econômica e que tem para a vida dos jovens uma repercussão muito grande.” A escola também oferece lazer e cultura, com jogos de futebol e momentos de música e dança para os alunos se descontraírem durante os intervalos das aulas.

Além disso, ela também se diferencia por apresentar um currículo que se desprende de padrões e alia os saberes local e universal, como destaca Ronaldo Araujo. “Essa escola dá aos jovens um diploma de ensino médio, de ensino técnico e, além disso, você observa na própria fala dos jovens que eles têm uma formação mais inteira, mais ampla. Atualmente as nossas escolas são muito segmentadas, conteudistas e é um conteúdo que às vezes não faz sentido para os alunos. Em Gurupá, o saber está relacionado e integrado à vida.”

O pesquisador reitera que o exemplo da Cara Familiar Rural de Gurupá é inspirador. “Em Educação, é muito difícil você falar em modelos ou de transposições. Porém, o caso de Gurupá é, no mínimo, uma inspiração. Foi uma escola que encontrou um caminho para os jovens verem sentido na escola. Então ela tem uma função social, tem uma função econômica e tem uma função para a vida dos jovens, porque articula a formação às peculiaridades da comunidade.”

Apesar de ter um convênio com a Prefeitura da cidade, nos últimos anos a parceria com o governo do estado terminou e a maior parte dos custos para manter a Casa Familiar Rural de Gurupá funcionando vêm dos moradores locais.

Serviço:

Assista aqui ao Documentário “Saberes da Juventude Amazônica – Casa Familiar Rural de Gurupá”, de Francisco Weyl e Ronaldo Lima Araújo.

Texto: Ronaldo Palheta e Glauce Monteiro – Assessoria de Comunicação da UFPA.
Divulgado em: 09/09/2015
Unidade: Programa de Pós-graduação em Currículo e Gestão da Escola Básica
Status: Pesquisador Ronaldo Araujo disponível para entrevistas. 

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