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Grupo de Pesquisa da UFPA propõe uso de “diesel verde”

Combustível produzido a partir do óleo de buriti pode ajudar a abastecer comunidades da Amazônia

Buriti pode gerar energia para a Amazônia? Sim, asseguram os integrantes do Grupo de Catálise e Oleoquímica da Universidade Federal do Pará (UFPA). Embora não possa fazer concorrência direta com o diesel usado em motores de combustão interna atualmente, o “diesel verde” produzido a partir da Mauritia flexuosa pode ser usado para abastecer comunidades e participar de uma cadeia de produção de energia renovável.

Biocombustível sustentável - Por ser uma oleaginosa, a partir da árvore de buriti é possível extrair o óleo de buriti e, com ele se produzir um biocombustível. “Usamos a nomenclatura de ‘diesel verde’ para diferenciar este produto do biodiesel comum. A palavra ‘verde’ também aparece no sentido de sustentabilidade, pois, a matéria prima para a produção do combustível seria obtida com a participação das comunidades e sem a necessidade de derrubar a floresta”, esclarece José Roberto Zamian, um dos integrantes do grupo de pesquisa, o qual conta também com a presença dos professores Geraldo Narciso da Rocha Filho e Carlos Emmerson Ferreira da Costa.

Apesar de várias plantas da Amazônia serem classificadas como “oleaginosos” e, portanto, terem potencial para serem usadas como biocombustível, a viabilidade deste uso sempre preocupou os pesquisadores. Isso porque a maioria delas não são cultivadas cultivadas em monoculturas e não possuem uma produção em quantidade suficiente para se produzir combustível em volume necessário à comercialização.

“O buriti é uma oleaginosa de ocorrência comum, mas em termo de rendimento e de produção não se compara a matérias primas tradicionais de biocombustíveis como a soja ou o dendê. A vantagem de seu uso, porém, está no fato de ter naturalmente uma grande ocorrência na região. Seria uma questão de obter o fruto a partir do manejo em parceria com as comunidades e substituir o uso do diesel nestas mesmas comunidades pelo ‘diesel verde’ produzido no local”, resume o químico.

Combustível produzido em laboratório - Durante vários anos, a UFPA trabalhou para converter buriti em diesel verde. Nos laboratórios foi desenvolvida a tecnologia para coleta, extração e produção do óleo de buriti e sua conversão em combustível, a partir de uma técnica conhecida como craqueamento, ou seja, metodologia que transforma óleo vegetal em combustível, sem o uso de álcool.

O projeto de pesquisa foi uma parceria do Grupo de Pesquisa de Catálise e Oleoquímicacom o Programa de Pós-graduação em Química, oGrupo de Pesquisa Energia, Biomassa e Meio Ambiente da Faculdade de Engenharia Mecânica, por meio do professor Gonçalo Rendeiro, e contou ainda com os pesquisadores Nélio Teixeira, da Faculdade de Engenharia Química da UFPA, e do professor Luiz Borges, do Instituto Militar de Engenharia (IME).

“Com o craqueamento é realizado um processo físico-químico que transforma o óleo em moléculas menores e, dependendo de como ele é conduzido, pode se obter um biocombustível semelhante ao diesel, semelhante à gasolina, semelhante ao querosene, e assim por diante”.

Também foram desenhadas plantas para que este processo pudesse ser reproduzido nas comunidades produtoras do fruto. “Temos comunidades que são bastecidas por geradores locais de energia elétrica os quais funcionam com óleo diesel. Estes mesmos geradores poderiam ser abastecidos, pelo menos em parte, pelo diesel verde produzido lá mesmo. Infelizmente, não obtivemos condições de continuar com a pesquisa e observar se a tecnologia funcionaria nas comunidades, pois, este é um processo que demora para evoluir”, lamenta José Roberto Zamian.

O pesquisador reitera que economicamente o custo do diesel verde é maior que o do diesel e que ainda não existe biocombustível mais barato que o comum. No entanto, substituindo o combustível tradicional pelo “diesel verde” de forma sustentável haveria um ganho ambiental importante para sobrevivência das florestas, além do incentivo e valorização da cultura do buriti. “Se acrescentarmos o passivo ambiental, é claro que o uso do diesel verde se torna muito mais vantajoso”, defende.

Texto: Glauce Monteiro e Ronaldo Palheta – Assessoria de Comunicação da UFPA
Divulgado em: ???/0?/2015
Unidade: Grupo de Catálise e Oleoquímica da Faculdade de Química da UFPA
Status: Pesquisador José Roberto Zamian disponível para entrevistas.

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