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Pesquisa da UFPA valoriza o patrimônio cultural e histórico de Bragança

A cidade do nordeste paraense recebe milhares de turistas que procuram tranquilidade nas férias.

Distante cerca de 200 km da capital paraense, o município de Bragança tem um grande potencial histórico e turístico e apresenta aos seus visitantes um leque de opções de passeios que variam de visitas aos antigos casarões a beleza da famosa praia de Ajuruteua. A história e patrimônio da cidade de Bragança serviram de inspiração para o trabalho de pesquisa de Alessandra Lobato, no Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará (UFPA), sob a orientação de Maria Goretti Tavares e co-orientação de Rita Cruz, da Universidade de São Paulo.

Alessandra Lobato conta que, quando se pensa em turismo, Ajuruteua é “quase sinônimo de Bragança”. A praia de Ajuruteua tem aproximadamente 2,5 quilômetros de extensão e está a 36 km da sede da cidade de Bragança. Durante o verão amazônico, ela recebe milhares de turistas que buscam diversão e tranquilidade.

Praia de Ajuruteua é principal atração nas férias - “Ajuruteua é o indutor do turismo na região. O turismo é o principal fator de movimentação da economia local neste período do ano, mas a cidade de Bragança tem um potencial ainda inexplorado para outros tipos de turismo que podem aproveitar melhor a importância histórica e cultural da região”, explica a pesquisadora.

Para a geógrafa, entre os atrativos de Ajuruteua está a beleza da praia e a facilidade de acesso a ela. Por outro lado, os pontos negativos do passeio podem ser os efeitos ambientais do uso desordenado da orla. “Questões como a falta de saneamento e o fato da infraestrutura para receber os banhistas estar disponível apenas durante as férias limitam o turismo. A própria construção da estrada que leva a praia prejudica o ambiente, pois interferiu no ecossistema do mangue, presente no local. Apenas agora, vários anos depois, o mangue começa a se recuperar”, afirma a pesquisadora.

Outra questão ambiental é o turismo de segunda residência na região, ou seja, a construção de mansões na orla de Ajuruteua, que além de ilegal não respeita o ciclo de mudanças naturais na praia. “Naturalmente, a praia – assim como outra da região – possuem um ciclo de retirada e depósito de sedimentos, de areia. Então há épocas do ano em que as águas levam a areia e épocas em que essa areia volta a ser depositada. Quando se constrói algo na faixa de areia, provavelmente esta construção não poderá sobreviver a esta variação e, ou será prejudicada pela areia e água, ou irá precisar de interferências – como muros de arrimo – que irão prejudicar o meio ambiente”, detalha Alessandra Lobato.

A pesquisadora explica ainda que esse processo também atinge as casas dos moradores da Vila de Pescadores de Ajuruteua, porém, em menor medida já que eles sobrevivem na região há muito tempo e suas casas são de madeira. “O problema é mais complicado com as mansões, barracas e demais imóveis construídos na praia, já que o fenômeno das marés e deste ciclo de sedimentos pode derrubar estes imóveis situados em área imprópria. O correto seria não construir nada na faixa de areia e enquanto esse tipo de ocupação existir, os impactos ambientais persistem e os acidentes podem acontecer”.

Além da Praia de Ajuruteua e de outras localizadas em ilhas próximas, a geógrafa da UFPA explica que há outros balneários com águas de rio ou igarapés e campos alagados que podem se tornar opções turísticas. Essas outras opção estão descritas em sua dissertação de mestrado na pesquisa “Turismo, Patrimônio Cultural e Produção do Espaço: uma análise do Centro Histórico da Cidade de Bragança”.

Muito além da praia – O potencial turístico de Bragança também envolve o turismo cultural, ecológico e patrimonial. A cidade recentemente comemorou seu aniversário de 400 anos o que assegura sua colocação entre os municípios mais antigos da Amazônia. “O centro histórico de Bragança, apesar da especulação imobiliária, ainda possui vários casarões antigos e este importante espaço é reconhecido como patrimônio. Há leis municipais e estaduais que o protegem, além da atuação importante de pesquisadores e integrantes da sociedade civil local que não medem esforços para garantir que estes casarões não sejam derrubados”, conta.

Além do centro, a antiga Estrada de Ferro Belém-Bragança é parada fundamental para quem deseja conhecer Bragança. “O trabalho turístico sobre a Estrada ainda está preocupado com a sinalização da mesma, mas é preciso também buscar registrar e preservar a memória sobre como foi a implantação, qual foi a importância e como foi o dia a dia das pessoas quando a Ferrovia funcionava. Moradores mais antigos contam essas histórias e suas memórias também poderiam reforçar os atrativos turísticos da cidade”.

O patrimônio imaterial de Bragança também é destaque, especialmente com a Marujada. As atividades da Marujada têm seu auge no mês de dezembro, mas outras manifestações do grupo que homenageia São Benedito são desenvolvidas ao longo do ano e poderiam ser apresentadas como atrações turísticas por reunir música, dança e outras práticas culturais. “Juntos, o patrimônio material e imaterial da cidade pode atrair turistas a pontos importantes como a Igreja de São Benedito e as praças, locais onde a Marujada, de certa forma, está sempre presente”, acredita Alessandra Lobato.

O Xote de Bragança também é opção cultural para quem visita a cidade, especialmente no mês de junho. “Há alguns anos há o Arraial Bragantino que atrai grupos folclóricos de Bragança e de municípios próximos. É uma excelente oportunidade para conferir o xote bragantino”, recomenda.

Sabor de rio e de mar - Outro grande atrativo da cidade é a gastronomia. A região do salgado paraense apresenta uma grande diversidade peixes e a comunidade local consome e sobrevive da atividade pesqueira. “A feira da cidade é um ponto de parada obrigatória para quem desejar conhecer a variedade da culinária local. Há a comercialização de tudo dentro dos limites da cidade nesta feira”, informa Alessandra Lobato.

A pesquisadora dá a dica de construir uma rota gastronômica pela cidade. “Peixes, caranguejo, camarões e vários outros tipos de alimentação são encontrados em Bragança até mesmo ostras e lagostas podem ser encontradas na Feira da cidade em alguns momentos do ano. Já a farinha Bragantina é referência para o estado. O bacuri é um fruto bastante consumido na cidade. Aliar todos estes alimentos em uma rota seria um ganho turístico muito grande para Bragança.”

Texto: Lucas Muribeca e Glauce Monteiro - Assessoria de Comunicação da UFPA
Publicado em: 27/07/2015
Unidade: Programa de Pós-graduação em Geografia
Status: Pesquisadora Alessandra Lobato disponível para entrevistas.
Fotos: Agência Pará.

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