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Resíduos da mandioca podem gerar energia, aponta pesquisa da UFPA

Partes da raiz que não são aproveitadas podem abastecer agricultura familiar

Um dos alimentos mais consumidos nas regiões norte e nordeste do Brasil, a mandioca, está sempre presente na mesa dos paraenses. Quem resiste a tomar açaí com farinha d’água? Ou comer peixe frito com a farinha ao lado? Mas nem só para a alimentação serve essa famosa raiz! A pesquisadora Brígida Ramati do Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Pará realizou um trabalho que mostra a possibilidade de produzir energia elétrica a partir de resíduos de mandioca e com ela, abastecer a agricultura familiar no estado do Pará.

Agricultura familiar - No Pará a produção da farinha de mandioca está situada em dois grandes polos: o município do Acará e a região bragantina. Juntos, eles mantêm o estado como líder na produção de mandioca no Brasil. Essa produção é, em sua maioria, mantida pela agricultura familiar e, em média, cada família produtora é composta por seis pessoas que fazem vários tipos de farinha de mandioca, por um processo artesanal.. Para produzir cinco sacos de farinha com 60 quilos cada é necessária uma tonelada de mandioca e cerca de 10 horas de trabalho.

Uma das alternativas para minimizar esse trabalho árduo, diminuir o tempo gasto na produção e aumentar a produtividade é a implantação de um maquinário barato e eficiente que ajuda a processar a raiz. “Essa mudança otimiza a produção sem promover desemprego, pois, aproveita a mão de obra em outras atividades no beneficiamento, em uma agroindústria familiar que possibilita o aproveitamento integral dos subprodutos da mandioca”, explica a professora Brígida Ramati. O grande problema da implantação dessa tecnologia é a inexistência de energia elétrica em cerca de 75% das comunidades rurais da Amazônia.

Outros produtos - Com a sistematização da agricultura familiar os produtores poderiam agregar outras formas para o aproveitamento integral da mandioca. Não apenas mantendo os subprodutos mais conhecidos como o beiju, o tucupi, a goma e farinha de tapioca, mas, com esse processo também, são produzidos resíduos que podem ser aproveitados para a geração de energia nas áreas rurais do estado tais como: cascas, entrecasca, cepas, caule e folhas.

A pesquisa além de focar na produção de energia elétrica a partir dos resíduos da mandioca também utilizou este alimento como base para outros estudos em relação à agricultura familiar e a fabricação de produtos feitos á base de mandioca. Como o aproveitamento da manipueira, popularmente conhecida como água da goma de mandioca usada na fabricação de pesticidas.

O potencial energético dos “restos” da mandioca - Para chegar à conclusão de que os resíduos da mandioca poderiam ser utilizados na produção de energia, a UFPA observou dados sobre a produção da raiz em cada região do estado e a variação de produção entre as espécies cultivadas para, então, estimar o potencial de produção. Em seguida, realizou-se o estudo sobre o potencial de geração de energia destes resíduos considerando o poder calorífico da mandioca, que é de 15,76 MJ/Kg.

“Ao longo do trabalho foi realizado um planejamento com base na sustentabilidade das regiões produtoras do estado atendendo aos critérios do mecanismo de desenvolvimento limpo – MDL”, destaca a pesquisadora da UFPA.

Das 22 microrregiões estudadas na pesquisa cerca de 31% não poderiam obter energia exclusivamente da mandioca, porém este déficit potencialmente pode ser sanado com outros tipos de resíduos agrícolas produzidos pelas atividades agrícolas das famílias no meio rural.

Apesar disso, segundo a pesquisa, em 68% das microrregiões pode ocorrer excedente de energia. Nestes casos, ela, então, pode ser utilizada para a manutenção da agroindústria familiar ou até mesmo na organização de cooperativas de produtores rurais.  Este tipo de atividade poderá aumentar a mão de obra para as comunidades locais e, assim, promover um bem estar social nestas localidades.

“A utilização otimizada da produção da mandioca em uma agroindústria formada para o beneficiamento de produtos, pode promover o bem estar comunitário, pois além da satisfação, gera empregos, renda e agrega valor ao produto. Já que a prática da agricultura familiar proporciona o desenvolvimento rural sustentável”.

Texto: Lucas Muribeca – Assessoria de Comunicação da UFPA
Divulgado em: 11/09/2015
Unidade: Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e da Computação
Status: Pesquisadora Brígida Ramati disponível para entrevistas.

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